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Oncologista e cardiologista têm que trabalhar juntos

Efeitos cardiotóxicos dos tratamentos contra o câncer demandam acompanhamento e parceria entre especialistas. Na semana passada, acompanhei algumas sessões d...

Oncologista e cardiologista têm que trabalhar juntos
Oncologista e cardiologista têm que trabalhar juntos (Foto: Reprodução)

Efeitos cardiotóxicos dos tratamentos contra o câncer demandam acompanhamento e parceria entre especialistas. Na semana passada, acompanhei algumas sessões do VIII Congresso Internacional de Oncologia D´Or, realizado no Rio de Janeiro. Umas das mais interessantes foi a sobre emergências cardiológicas em pacientes submetidos à quimioterapia. E por que as terapias oncológicas têm efeitos cardiotóxicos perigosos que podem, inclusive, pôr em risco a vida da pessoa? Paciente com câncer: parceria entre oncologista e cardiologista é fundamental Roland Mey para Pixabay Os quimioterápicos, assim como os medicamentos conhecidos como terapia-alvo, que agem nas células tumorais, podem causar danos ao músculo cardíaco e levar à insuficiência cardíaca. É o que se chama cardiotoxicidade ou toxicidade cardíaca. Ao longo das sessões, doses cumulativas das drogas utilizadas podem levar à insuficiência cardíaca. É o caso da doxorrubicina (cujo nome comercial é adriamicina), bastante usada como quimioterápico. É possível ocorrer uma manifestação subclínica, ou seja, quando não há sintomas e somente exames de acompanhamento detectam a complicação. Um exame bastante eficaz para avaliar os efeitos adversos da quimioterapia é o Ecodopplercardiograma com Strain, que permite avaliar o grau de comprometimento do coração, assim como a dosagem de enzimas cardíacas. Tratamentos com imunoterapia também não são isentos de risco e é preciso ficar atento a manifestações de cansaço e dor muscular, principalmente nos 100 primeiros dias. “É fundamental a parceria do oncologista com o cardiologista, que deve começar no momento do diagnóstico”, afirmou o médico Henry Najman. Juntos, cardiologista e oncologista são capazes de avaliar a necessidade de iniciar uma terapia preventiva com medicamentos cardioprotetores, como beta-bloqueadores. O objetivo é tentar evitar uma situação de emergência – e, quando ela acontece, o paciente oncológico deve ser prioridade na unidade de pronto-socorro. As manifestações clínicas da cardiotoxicidade incluem dispneia (falta de ar), arritmias, isquemia miocárdica, disfunção ventricular esquerda assintomática, hipertensão arterial sistêmica, doença pericárdica e eventos tromboembólicos. Outra emergência oncológica é a síndrome da lise tumoral (SLT), caracterizada por anormalidades eletrolíticas e metabólicas que pode ocorrer após o início do tratamento, sendo mais frequente nos portadores de leucemia. Os níveis de potássio ficam excessivamente altos (hipercalemia), assim como os de fósforo (hiperfosfatemia), num quadro que provoca arritmia cardíaca, disfunção renal e convulsões. Há ainda emergências endocrinológicas, que afetam tireoide, paratireoide, pâncreas e hipófise, com frequência decorrentes da imunoterapia, disse a endocrinologista Ana O. Hoff, do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, ligado à USP. Atenção para qualquer sinal de alerta!